O político no comício:
_ Se eu for eleito
Vou fazer uma revolução,
Vai o funcionário público
Tirar férias de montão
Trabalhar só quinze dias
E ter boa remuneração.
Pergunta o servidor surdo:
_ O que foi que ele falou?
Responde o colega tradutor:
_ Ele disse se eleito
Vai fazer um grande favor
Vamos só quinze dias trabalhar
Os outros quinze descansar
Sem o olhar de um diretor.
Pergunta o servidor surdo
_ E sobre as férias o que ele
Comentou?
Continua o politiqueiro
_Eu prometo se eleito
Cuidar mais do professor
Tratá-lo com mais carinho
Regado com muito amor
Dar um salário justo,
Semelhante ao de doutor,
Não acabar com o décimo
Que pode causar muita dor,
Só dez alunos por classe
É que vou propor,
Com salas climatizadas
Pra cada aluno um computador
Com merenda de salmão
Com iscas de escargot
Reclama um servidor:
_ Mas aí depois de eleito
O discurso é esquecido,
O pobre do servidor
Passa a ser oprimido,
Só no café e no pão
No jabá e no feijão
O salário é consumido.
¬_ Não paga a conta da farmácia,
Mas paga os juros do agiota,
Já o supermercado Carlitos
Fica pra próxima cota.
O açougue da esquina
Já fechou até a porta.
Sem aquela azulzinha
A finada ficou morta.
O dinheiro é tão dividido
Que nem um mágico sabido,
Faz surgir tantas notas.
_ E o pobre servidor
Depois de muito penar
Pensa em fazer greve
Pro direito conquistar
E é nessa hora que o governo
Começa a maltratar.
É spray de pimenta
É bomba de efeito moral
Os professores gordinhos
De tanto sofrer passam mal
Os menos afortunados
Correm como animal.
Sobra olho roxo de um lado,
Do outro costela quebrada,
Quem devia proteger
É que mete a porrada,
E aquele discurso passado
Feito por alguém empolgado
Parece não dizer nada.
E o humilde servidor
Continua a labutação,
Porque somente labutando
Não labutará na contramão.
E se lá botarmos certo
Faremos nosso protesto
Com bastante razão.
Wilson Quadros
.
Categories:
Profissao