1º parte
Longe do tumulto da cidade
Mora um homem de nome desconhecido
Que tem na antiga aparência
O descuido usual de um empobrecido.
Numa distante e pacata serrania
Um homem triste vivia sozinho
E ficava sempre a escrever
Entre um e outro gole de vinho.
E, as vezes deixava o papel na mesa
Depois saia como um velho inglês.
Com paciência e pontualidade
Voltava escrever, sobre o amor, talvez?
E todos os sonhos daquele senhor
Com os versos no papel permaneceu
E enquanto a noite caia o velho
Com o cachimbo na boca adormeceu...
Sentado na poltrona empoeirada
Com a lareira crestando, o cão latia.
E pouco a pouco se aquietava
E junto dele, a casa dormia.
Quando o albor brilhava lá fora
Era um novo dia e novamente
O velho levantava e nos hábitos
Triste respirava tão deprimente.
Depois, com as mãos trêmulas
Aquele triste velho chorou
Arrancou uma folha esmaecida,
Que ele lia cheia de dor.
Com dificuldade o velho a amassou
E com o olhar posto no vazio:
Falou ainda com a voz embargada
Uma frase forte, mas pueril.
Aquele conde que era triste
guardava no caderno as poesias
A história de sua vida contada
Em versos, que ele lia todos os dias.
Aquele era o conde ordeiro.
Que mantinha no seu coração
A saudade que pungia e torturava
Fazendo-o perder a razão.
Ele era homem de grandes posses
E todos invejavam o seu dinheiro
Talvez fosse por isso que diziam: "
Como é rico o conde ordeiro!"
No entanto, a desilusão era maior.
E naquela espectral aparência.
Assustava todas as criacinhas
E desafiava os métodos da ciência.
Que paradoxo inverossímel
Ser rico, mas viver triste e solitário
Enquanto vê desaparecer
A cada ocaso, os dias do calendário.
Em breve a segunda parte...... ( Ivo André)
Poema feito e enviado por Ivo André, estudante
do 3º ano de Instituto Santa Teresinha.
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Literatura de cordel