Romeu e Julieta numa versão canina.
2ª Parte de 4
Pela rua o João vivia
Lá mesmo se alimentava
Debaixo dos carros dormia
Bem cedo se levantava
Dava um grande passeio
Mas mesmo sem asseio
A Meg o paquerava
Os olhos logo brilharam
Uma paixão grande nasceu
Como aquela que contaram
Da princesa com o plebeu
Ou aquela em que Julieta
Aquela mulher perfeita
Se apaixonou por Romeu.
Mas ela vivia isolada
Presa numa corrente
Muito bem alimentada
Gordinha toda contente
O João se aproximava
O dono dela o chutava
E o expulsava do batente.
Mas ele não desistia
Todo dia se aproximava
E quando ela o via
Muito o rabo balançava
Mas o João sem esperar
Com o coração a palpitar
Uma pedra lhe alcançava.
Rosnou e voltou chorando
Com um fervor no coração
A cabeça vinha sangrando
Vinha uma brecha na mão
Tristemente se deitou
A tarde toda chorou
Aquela grande paixão
Ficou dias em solidão
Já não mais se alimentava
Sentia que a depressão
Dele se aproximava
E já muito debilitado
Vivia triste e calado
Só no amor que pensava.
Enquanto isso a cadela
Por outro lado sofria
Apesar de ser a mais bela
Estava magra a cada dia
Rejeitava os pretendentes
Os calmos e os salientes
Fosse de noite ou de dia.
Por descuido da patroa
Um dia ela se soltou
Deu uma corrida boa
E pro João se atirou
Até pareciam gente
Que de tanto contente
Uma idéia brotou.
Mas foi tudo muito ligeiro
Esse grande acontecimento
Pois o dono dela matreiro
Chegou ao mesmo momento
Mas fez o João uma festança
E prometeu a vingança
Pra aquele dono ciumento.
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Literatura de cordel