O japaca foi entrando
Naquela imensa quentura
Eram dez milhões de graus
Maior que qualquer fervura
E ele foi normalmente
Sem nenhuma frescura.
Na ala dos cachaceiros
Era a maior animação
A cachaça vinha fervendo
Numa panela de pressão
Com tira gosto de brasa
Na ponta dum vergalhão.
O comandante era o " Bulanda"
Que se aproximava dançando
Mais um monte de cachaceiros
Logo atrás vinham cantando
Já todos embriagados
Mas ninguém vinha chorando.
Japaca pediu um gole
e o diabo ficou olhando
a cachaça entrou macia
E o capeta ficou babando
Pediu uma outra dose
E o tira gosto chupando.
_ Você é cachaceiro bom
Nunca vi outro igual
Nem parece ser humano
Parece ser um animal
E está no lugar certo
Aqui não vai se dar mal.
_ Escuta aqui diabo feio
Seu resto de prega do cu
Eu quero muita cachaça
com tira gosto de cururu
Esse negocio de chupar brasa
Eu já fazia lá no tatu.
_ Quando eu vivia na terra
Todo dia bebia cachaça
Mas não era briguento
Nem fazia arruaça
Mas um dia tomei um porre
E sofri grande desgraça.
_ Você foi expulso do céu
E no inferno veio parar
E daqui só vou sair
Se teu amor vim te buscar
Ou do contrário aqui
Viverá até murchar.
O japaca lá ficou
Naquele clima infernal
E como era novato
Todos o trataram mal
Não lhe dando cachaça
Mas sim água mineral.
_ E assim seus pecados
começou a pagar
Pois só bebia cachaça
se o diabo viesse a visitar
Por não estar satisfeito
começou a se queixar
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Literatura de cordel